quarta-feira, julho 03, 2002



Em 1999, quando estagiava na TV universitária da PUC, entrevistei o bi-campeão mundial Didi em sua casa na Ilha do Governador, no Rio. Estava produzindo um programa sobre o ex-jogador Aírton Povil, hoje em dia coordenador da educação física puquiana, companheiro de Didi no timaço do Botafogo da década de 60. Didi, morto ano passado, já andava com dificuldades. A esposa, dona Guiomar, me recebeu. Na ante-sala, o inventor do chute "folha seca" assistia a Globonews. Armei a câmera na sala, que porcamente presa por mim no tripé, caiu no chão e quicou várias vezes, para meu desespero. Felizmente ela acabou funcionado. Pra não demorar muito fiz perguntas diretas sobre a convivência dele com Aírton. "Ele me chamava de crioulo, mas de uma maneira carinhosa", falava com voz mansa.

Quando desliguei a câmera, ele começou a contar causos sobre os tempos de Seleção. Num deles, Didi me disse que na volta para o Brasil, em 58, a comoção pelo primeiro título mundial era tanta que algumas pessoas pagaram uma sinistra promessa. "O caminhão do bombeiro dava pulos fortes. As pessoas se jogavam em frente ao carro". Quando fui embora, Didi mostrou o quanto era humilde: "Ó, volta mais vezes hein? Não esquece da gente não". Impossível esquecer, Didi. Impossível.

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